VAGA APARIÇÃO
Senhor, são os remos ou são as ondas
o que dirige o meu barco?
Emílio Moura
Na manhã do primeiro canto,
vinhas correndo
e em tuas mãos
conduzias um incerto alvorecer.
Naquela aparição conceberam-se os indecifráveis símbolos
da primeira dor que encontramos e não esquecemos;
eras esperança e compreensão,
infância coberta de misticismo
saudando o anunciado alvorecer.
No enigma de teus passos imprecisos,
eclodiram flores vagueando
as horas e seu espaço,
a miragem e seu contrário.
E assim caminhamos juntos
até mesmo ultrapassar
as impossíveis encruzilhadas
que teus passos encurtavam;
passando pelos dias sem saber o retorno,
passando pelas horas sem conceber as distâncias,
sem saber quem éramos e nem para onde;
passando, passando,
sem saber se à procura da vida ou de nós mesmos.
o link do site do renato sampaio está no final da página
segunda-feira, 28 de junho de 2010
domingo, 13 de junho de 2010
é...

contudo, estamos
pré-vistos
por um lado e por
outro
somos retrógrados,
nossas atitudes são
fulminantemente
retrógradas
vamos todos ouvir o
que somos e
continuar assim;
perniciosos, com todas
teorias
e remando na maré contrária,
lutando muito bem por relações
de poder tão importantes
quanto fúteis.
somos todos, retrógrados.
foto e poema : isaias
tempo
sexta-feira, 11 de junho de 2010
a felicidade também dói

Ela ouviu que era jazz e saiu correndo atrás para ver onde isso ia parar. Acabou chegando em um barzinho até simpático, com um jeans rasgado, tênis velho nos pés, um copo de suco na mão que acabara de pedir (porque estava sofisticada essa semana) e uma dor no peito a cada vez que o sax ia à boca do homem em cima do palco. Doía tanto que ela até sorria. Estava transbordando felicidade, pois sabia que intensidade é algo que se conquista, se aloja dentro do peito e permanece.
texto : ludmila barbosa
foto : isaias de faria
quinta-feira, 10 de junho de 2010
ancião pintor
o mesmo casaco/
diferentes invernos a
fio/
diferentes tintas
foram feitos quadros
poema:isaias
diferentes invernos a
fio/
diferentes tintas
foram feitos quadros
poema:isaias
terça-feira, 8 de junho de 2010
um poema de bárbara lia
Decreto:
Proibido derrubar
qualquer árvore
(exceto para
construir
berços
e violinos)
Proibido derrubar
qualquer árvore
(exceto para
construir
berços
e violinos)
quinta-feira, 3 de junho de 2010
haroldo de campos

" a educação dos cinco sentidos é trabalho de toda a história universal até agora"
karl marx, 1844
Li o livro " a educação dos cinco sentidos" de Haroldo de Campos a uns seis anos atrás e muitos poemas me fizeram refletir, na época. Mas agora, relendo, um poema me tocou muitíssimo. Lembro que não me havia tocado. Creio, um pequeno amadurecimento intelectual me proporcionou centrar o pensamento no que pede a reflexão no poema. Mas vamos a ele. Deleitem- se com esta obra prima de Haroldo de Campos:
Mencius: teorema do branco
o inato se chama natureza
o chamar-se natureza do inato
é o mesmo que o chamar-se branco do branco
o branco da pena branca
é igual ao branco da neve branca?
é igual ao branco do jade branco?
de quantos brancos se faz o branco?
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