quarta-feira, 28 de abril de 2010

jorge vicente publicado na revista eletrônica letras et cetera

auto-poiesis

4.

poderás ter a experiência da carne,
mas apenas tens o chamamento da
palavra viva,

aquela que, de artéria em artéria,
vai construíndo o ramal das sílabas:
ordem geométrica do sangue.

a experiência chama
e o oceano transforma,
trazendo o poema de volta
à sua raíz de árvores:

ao cimo do vento
e abaixo da copa dos dedos.

sábado, 24 de abril de 2010

tentativa

Arrogância nos olhos não é bom
Prefiro doçura
Paciência
Amor incondicional
Certeza de que o bem é válido.


Prefiro Deus e a paz
Tanto dentro quanto fora de nós




por isaias

sexta-feira, 23 de abril de 2010

do poeta henrique pimenta

cenografia

mobília de duas três gerações

quatro paredes brancas (de um branco gelo, lavável)
(sem aquela coisa que esqueci o nome) telhas de barro
o piso frio (em cinza)
uma porta (marrom, fechada)
uma janela (idem)

tá! um corpo sobre a cama
um lençolzinho de moça pobre e
ausência

ou isso ou aquilo



isaias

quarta-feira, 21 de abril de 2010

haicai em parceria com marco júnio abade

certa vez, ao conversarmos eu e marco, sobre uma mulher que ele estava enamorado, fizemos esse haicai em parceria:




paixões

entre um beijo e outro:
nietzche kant hegel
ou um verso do pessoa





marco júnio abade é mestre em filosofia pela ufmg

segunda-feira, 19 de abril de 2010

por ronaldo pereira e isaias de faria


uma imagem rasga o céu em uma nesga de saudade e monotonia.
o eclipse do tempo trabalha para o esquecimento.
enquanto lembranças teimam em corroer os corações solitários
que se aquecem no pavio da vontade...
pegadas inquietas marcam estações sombrias
e ombros assomam sob os pórticos mercenários,
resguardados em sonhos rotos e corrompidos...
as horas são o que mais me assustam não perdoam ou possuem clemência.
cobram seu honrário em sangue e rugas.
deixam um saldo de experiências mágoas condoídas e
marcadas na alma a ferro e fogo...
vislumbramos e cantamos partes de nós feito entendedores natos.
nem mesmo poetas podem reter esse curso do "ser".
queremos , e, o "todo" nem sequer vai nos dar algo, porque
somos mais partes do que imaginamos.
vamos indo indecifráveis...

foto por: isaias

domingo, 18 de abril de 2010

6:30


dramático e catatônico ele busca o lápis pra grifar o
freud na varanda. deixa de lado e observa o sol crescer
tomando chá em chícara-bacia. de manhã as cores são
sempre mais novas...pensa.
e "as cinco lições de psicanálise" é esquecido na mesa.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

assim II

melhor assim que os arranha-céus buzinas 100 carros engarrafados
formigueiro no centro alto disparate...

quinta-feira, 15 de abril de 2010

assim

Ele atravessa a rua e volta atravessa a rua e volta.
Anda de um lado para o outro vai à casa dos pais
à farmácia à padaria ao barbeiro vai à igreja.
Assume um papel de olheiro da cidade pequenina
com um mar enorme que ele tem medo e não chega
perto. Só fica ali, nas ruas calçadas andando , de um
lado para o outro de um lado para o outro revirando o
Cotidiano da vida sem resposta com seu vai e vem.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

um poema p/ alguns diretores de cinema. por rafael nolli, israel faria, isaías de faria, mônica alves costa


bergman vê faces e exprime com luz sua versão.
filma a dor a angústia e o medo
bem em closes.
mostra abismos a que podemos chegar e
o tempo é contado como
uma cáustica lembrança.

antonioni e jarmush podem deixar muita gente
querer sair da sala.
tem incomunicabilidade nossa lá.
trazem uma coexistência e inaceitação,
expressam lentas imagens que
nossa moderna rapidez não admite.

glauber restaura a brasilidade pura do povo.
eufórico, faz em pedaços o paradigma pensante.
cria espaços, deixa novo o cinema, bota a boca no mundo, e
denuncia a sórdida política e a massa manipulada.
é utópico (?) relutante e cheio de algoz vontade
de quebrar algemas rústicas imperialistas.

zé do caixão pavimenta caminhos sombrios,
com pouca argamassa nos leva ao inferno.
mostra a noite estranhamente escura,
um pouco mais densa que o sangue -
onde homens ou outra coisa,
se devoram esfomeados, até a alma.

einsenstein revela não só o homem
e a máquina que o oprime :
apresenta o povo e a notável ferramenta
que o liberta. a beleza no céu de outubro
incrivelmente vermelho
sobre os operários em greve.

kim ki-duk no arco das estações aponta
para uma ilha onde habita o insólito (animais selvagens),
onde a casa vazia tem endereço desconhecido & o
tempo não é nada samaritano,
onde sem fôlego acordamos de um sonho no meio de
um mosaico de imagens esdrúxulas.

béla tarr olha para a danação com vagar atípico,
as personagens solidificam na desgarrada solidão,
no p&b panorâmico caminha em silêncio,
enxergam suas monstruosidades no olho do ancestral,
irimiás discursa diante do corpo da menina suicida.
extemporâneo e harmônico tarr nos (des)concerta.

fassbinder e suas inúmeras querelas,
tanto desespero,
tanta violência, sexo...
rainer é incômodo, é visceral,
é um estrebuchar com a faca na barriga, um afronto,
furor e as iminentes lágrimas amargas.

alfred hitchcock nos desperta com seu suspense
carregado de tons claro-escuros
mesclando com diálogos manipuladores
onde o desfecho de um crime
é feito com arte, com sutileza
dando um novo sabor ao gênero.

alejandro gonzalez iñárritu nos conecta ao próximo.
inconsciente e independente do espaço
recria uma sensação dupla
de esperança e sofrimento.
sentimentos dos quais não estamos imunes,
compõem o ser.

walter salles resgata o afeto
perdido diante de um cotidiano
tenso, automático.
através de novas geografias,
novas visões e da difícil tarefa de
se colocar no lugar do outro

quinta-feira, 8 de abril de 2010

quarta-feira, 7 de abril de 2010

horas


a luta por uma composição e tom de preto e branco que me agrada.
uma boa foto pra mim é aquela que me faz ficar olhando pra ela por um tempo mais q o "normal".

a chuva me disse
que a vida tem soluções :
1 - fazer da cal e o pó uma pessoa no
meio de milhões.
2 - nascer homem e morrer uma
criança escutando um blues de keb'mo'
3 - escrever numa mulher na cama um
poema musical



poema cássio amaral e foto isaias

sexta-feira, 2 de abril de 2010


pouco a pouco
terei a calma pra
esperar
as nuvens de tempesta
se
desfazerem
como se
dissessem
alguma coisa
hermética e
dissolvível
feito elas mesmas


foto e texto : isaias