O movimento me atrai.O congelamento do movimento me atrai. A impossibilidade de voltar no tempo em que a foto foi tirada me atrai. Me faz lembrar Heráclito: "não se pode entrar num mesmo rio mais de uma vez". Mas me tenho perplexo, para uma problemática talvez ainda mais difícil: será possível olharmos pra uma mesma fotografia com um mesmo olhar mais de uma vez? o que me vem a cabeça após formular tal questão é que, cada emoção vivida, trás uma admiração nova, uma inquietude nova, uma culpa nova, uma indagação, uma incompreensão... cartier-bresson congelou muitas cenas em movimento, algumas aí abaixo para ilustrar este texto, e, ao olharmos para elas teremos uma enorme sensação de que algo se perdeu, mesmo num único dia em horas diferentes.será o tempo tão implacável com nosso pensamento e olhar assim ? Para Descartes a luz nao tinha temporalidade alguma, difundia-se simultaneamente para todos os observadores. Considerando-se isso, pensemos em uma exposição fotográfica em que várias pessoas estão no salão, descartes está correto, mas, o nosso olhar tem temporalidade, está afetado por ela, reflete nosso tempo e é por ela intimamente influenciado. Imagine um outro exemplo para este raciocínio, uma fotografia de um atleta nas olimpiadas de 1936. A importância do movimento nessa foto foi dada, hoje essa importância já não é mais a mesma(em termos). Mesmo as fotografias de fatos históricos, passam por isso, pois não têm mais a significaçao do ato vivido(também em termos), a duração da fotografia se fixa em nós. Ela vem para nós, e o tempo constroi um devir em nosso olhar.
texto : isaias de faria
fotos de cartier-bresson
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ResponderExcluiro seu hai-kai que publiquei ontem no meu blog é um comentário seu num post anterior lá. salvei e como salvo alguns comentários e achei propício casa-lo com minha foto.
ResponderExcluirabração.
Caro Amigo,
ResponderExcluirnós vivemos numa dualidade temporal. Se, por um lado, estamos afectados pelo passado/presente/futuro, por outro lado, existe o tempo sem tempo, o tempo-kairos. e esse tempo é o tempo da vivência. no caso da fotografia, é o que dá a eternidade a ela, o que nos faz indagar e surpreender. e deixar tocar e amar as imagens.
porque a emoção é sempre a emoção do agora, nunca é a mesma do ontem ou será a mesma do futuro, está em constante mutação.
a beleza da fotografia está na eternidade em que ela nos toca.
grande abraço
jorge
valeu jorge! é isso que eu quero, interação.
ResponderExcluirabraço grande
jorge, bem colocado o tempo da fotografia. o tempo sem tempo, e o nosso tempo. dualidade bem legal mesmo. inté
ResponderExcluirEscrever com a luz talvez seja uma redundância, escrever também, mas a "Colônia Penal" escreve com o "aparelho" nas nossas carnes, porque então não responderíamos?
ResponderExcluir"congelamento do movimento " como se por um segundo pudessemos eternizar o tempo.
ResponderExcluirAryane Brilho da Lua