"Cada manhã recebemos notícias de todo o mundo. E, no entanto, somos
pobres em histórias surpreendentes. A razão é que os fatos já nos chegam
acompanhados de explicações. Em outras palavras: quase nada do que acontece
está a serviço da narrativa e quase tudo está a serviço da informação. Metade da
arte da narrativa está em evitar explicações. [...] O extraordinário e o miraculoso
são narrados com a maior exatidão, mas o contexto psicológico da ação não é
imposto ao leitor. Ele é livre para interpretar a história como quiser, e com isso
o episódio narrado atinge uma amplitude que não existe na informação"
(BENJAMIN, 1994, p.203).